Nenhum fã de Charlie Brown Jr. acordou feliz ontem. Perdão pelo trocadilho, mas só pensava em uma das músicas dele quando soube da morte de Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista da banda que catapultou o nome de Santos pro mundo. Mundo? Sim. Até o Axl Rose, do Guns, dedicou, em sua página do Facebook, o clipe de Don’t Cry ao cantor.
Com letras diretas e estilo debochado, Chorão deu voz a uma geração que se enxergou nas músicas do grupo. Desbocado e sem qualquer preocupação em agradar, ele mostrou que faltava uma pitada de sinceridade nas composições feitas pros jovens.
E foi assim, cantando a verdade, no estilo ‘doa a quem doer’, metendo o dedo na ferida da sociedade, que Chorão encantou a galera e inspirou muitos garotos a formarem bandas Brasil afora. Depois da Charlie Brown Jr. vieram muitas outras, na mesma pegada, tentando chegar aos pés dos originais. Impossível.
Chorão era a base da banda. Genial. Tão autêntico e sem meias-palavras que chegou a me espantar nas duas entrevistas que me concedeu. E, como todo gênio, não se encaixava no nosso mundo dos meros mortais. Era um cara competente e exigente no trabalho. Frágil, reservado e, em alguns momentos, impaciente na vida real, fora do palco. Na vida que não lhe pertencia.
Alexandre nasceu e morreu em São Paulo. Chorão nasceu em Santos e vai viver pra sempre...
(texto publicado no Expresso Popular, dia 7/3/13)