Hoje fiz a primeira sessão de quimioterapia. Foi tudo tranquilo, fora a taquicardia e o sono sem fim. Na próxima devo chegar sem cabelo... Mas nem vou falar dos meus medos. São muitos. Não vale a pena falar deles agora...
Nesta primeira fase, prefiro compartilhar o poema que recebi do meu namorado fofo e atencioso por torpedo.
O Teu Riso (Pablo Neruda)
Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar,
mas não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa, a lança que desfolhas,
a água que de súbito brota da tua alegria,
a repentina onda de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura
e regresso com os olhos cansados,
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas as portas da vida.
Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso
e se de súbito vires que o meu sangue mancha as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer sua cascata de espuma,
e na primavera, amor, quero teu riso como a flor que esperava,
a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.
Ri-te da noite, do dia, da lua,
ri-te das ruas tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso, porque então morreria.
Bizus e risos
segunda-feira, 15 de março de 2010
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2 comentários:
o minha amiga... medos e angustias todos nos temos.. fique firme, estou contigo... sempre.. mesmo que por detras dessa tela... beijos
Desejo-te força!
E um abraço!
Beijos
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