As aventuras de uma balzac teenager

Sinta-se em casa!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quando eu cresci

A primeira vez em que eu notei que algo muito grande tinha mudado na minha vida foi em 93.
Minha estrelona dourada, minha avó paterna que me chamava de estrelinha dourada, resolveu ir embora desse mundinho no dia 7 de março...
E eu, com 18 anos, fiquei sem chão, como se tivessem arrancado um braço meu ou me devorassem viva de dentro pra fora...
Ela era a minha melhor amiga. Amiga mesmo. De rir até chorar por alguma coisa. De se entender no olhar. De adivinhar pensamentos.
Logo depois eu resolvi arrumar um trabalho e fui vender plano de saúde da Golden Cross. Uma merda.
Lembro que a minha ficha caiu dentro de um ônibus. Eu tava indo pra barquinha. Ia vender em Vicente de Carvalho naquele dia... Abril de 1993.
Sentada no busão senti uma tristeza tão grande e comecei a chorar.
Eu não queria ir trabalhar.
Eu não queria crescer.
Eu queria congelar o mundo um tempo antes de tudo aquilo.
Eu queria minha avó de volta. Eu queria ser a neta dela pra sempre.
Não queria ser a Daniela que tava crescendo e precisava virar gente grande.
E eu me acabei de chorar no busão.
Não fui vender merda nenhuma em Vicente de Carvalho. Voltei pro escritório e pedi demissão.
Resolvi que, se não tinha volta mesmo e eu ia crescer de qualquer jeito, precisava arrumar um emprego na minha área, fazer algo de que eu gostasse (já cursava Jornalismo em Mogi).
E cresci.
Mas, por ironia do destino, me sinto dentro daquele busão de novo. Toda vez que tenho quimioterapia.
Crescer machuca.
Bizus

3 comentários:

Fábio W. disse...

Crescer só estraga a nossa vida porque a gente é obrigado a isso. Ninguém gosta de fazer nada por obrigação.
Hoje lembrei de você, o seu ídolo inaugurou um novo estádio aqui em New Jersey, ele botou fogo na multidão!
A quimio serve para realçar as coisas boas da sua vida, nunca as perca de vista, elas que tornam tudo mais suportável.
Bzzzuuuuu querida

Luiz Otero disse...

Os problemas que surgem a cada dia são degraus que devem ser superados com a força de vontade. No seu caso, o que te serve como norte é o filho, a família e o amor dos amigos e parentes. Com isso, pode ter certeza que você pode contar sempre. E força sempre!

Deborah Okida disse...

Dani,
Às vezes leio algumas coisas suas e me identifico.
Lembro de quando perdi minha madrinha aos 14 anos. Foi um pouco isso. A gente perde o chão...
E nem preciso dizer que 9 anos depois o chão sumiu mesmo, quando foi a vez da minha mãe...
E aí me toquei que tinha que virar gente grande mesmo!!!! Tinha acabado a faculdade e tinha conseguido o primeiro emprego na área, dois meses antes dela partir. Mas, tive que fazer o caminho inverso. Sai do emprego porque precisava ganhar mais pra ajudar minha irmã em casa. Mas o jornalismo, a assessoria, estavam na minha história...Os caminhos me levaram de volta, algum tempo depois.
Enfim, crescer é essa coisa estranha que parece não ter explicação. Porque será que temos que passar por tantas provações? E como explicar o sentido da vida etc etc...
Bem, cada pessoa tem suas crenças e respostas, mas eu penso que deve haver sim uma razão muito maior por trás dessa coisa mágica que é a vida. Porque não faz muito sentido ser tudo em vão. Começo, meio, fim e pronto.
Hoje de manhã (acordei cedo pra ir pra aula de yoga), vi o sol nascendo e pensei justamente nisso: é mágico demais pra ser só um nascer de sol.
Crescer dói mesmo. Mudar e enfrentar as mudanças e os problemas também faz doer. Às vezes a gente quer aquele colo que não está mais aqui. Mas às vezes acho que se esses colos não estão mais aqui é porque nós crescemos e agora podemos dar conta (um pouco melhor...rs) de nós mesmas e das pessoas que entram pra nossa história (como o Danilo, por exemplo)...
A gente tira força de onde nem imagina. E que bom que tem uma rede, como disse a comadre no twitter, que está sempre com a gente.
E que bom que tem sorvete (de chocolate de preferência) pra adoçar tudo isso...rs.
Um beijo!
Deborah