As aventuras de uma balzac teenager

Sinta-se em casa!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Meu carneirinho

A última quimio foi mais tranquila. Tive um enjoo tardio, depois do 5º dia.
Mas encarei de uma maneira bem melhor, não sei explicar.
No dia mesmo, a Symone (carneirinho para os íntimos) veio me aplicar reiki.
E não é que eu tirei essa de letra?
Falei até pra Sy que vou amarrá-la na minha cama naqueles dias esquisitos.
Ela disse que é porque eu acreditei que ficaria melhor.
Eu acho que é amor mesmo.
Ela resolveu me dar o amor dela em forma de reiki. E eu resolvi receber, como uma boa vampirinha gorda, branca e careca.
Amo tu, carneirinho meu... Fica triste não! Nem dodói!
Bizusssssssssssssssssssssssssssssss

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A data da saudade...

25 de junho podia ser um dia qualquer.
Mas nem é mais.
Há 1 ano morria Michael Jackson, Farrah Fawcett, Luma.
Há 4 anos morria o Sr. Hercílio, pai do Nilton.
Meu sogro (ainda era meu sogro naquela época) morreu na mesma época em que engravidei do Danilo.
A gente teve um relacionamento esquisito no começo. Mas, nos últimos anos, a gente se acertou, não sei explicar.
Ele me aceitou como eu sou, entendeu a minha verdade e o meu jeito maloqueiro de ser.
E eu percebi que ele era muito mais legal do que aparentava. E entendi TOTALMENTE o porquê de todas as suas reclamações, caras feias e indignação com a própria família.
A Luma era a criatura mais doce da face da Terra. Vivia me agarrando pelas canelas e pedindo carinho na barrigona. Companheira. Saudade de ouvir suas unhas patinando no chão enquanto tentava me alcançar.
A Farrah Fawcett nem era a minha pantera preferida... Eu queria ser aquela de cabelo castanho... Mas ela foi guerreira, enfrentou o câncer enquanto deu...
E o Michael? Porra, o Michael sempre foi meu truta.
Cheguei a bater num vizinho, o Marcos, que o chamou de gay na época de Thriller.
Eu e a Daniela Crescente ficávamos hoooooooras na frente da TV, assistindo ao making off do clipe, imitando a coreografia. Por isso o filme De Repente 30 mexe tanto comigo.
Gostei dele assim que ouvi, que vi... Me encantei...
Impossível não se apaixonar por aquela figura excêntrica, cheia de traumas e que só buscava a felicidade.
O Michael fez parte da minha infância. Fez parte da minha adolescência.
E continua na minha vida. Tem um lugar especial aqui dentro. Tá aqui. Seguro. Amado. Quentinho. Confortável. Quase em casa. Num ambiente que ele procurava em vida e não sei se chegou a encontrar...
Acho (espero) que sim, que ele tenha encontrado isso com os filhos ao redor...
Bizusssssssssssssssssssssssssssssss

quinta-feira, 24 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Os especialistas mais que especiais.

Tenho muita sorte.
Uma ginecologista, a Dra. Junia, que não menosprezou minha "quase espinha" do lado do bico.
Um mastologista, o Dr. Ricardo, que não resolveu dizer que aquilo não era "nada, volta daqui a 2 anos, vc é muito jovem". E ainda me dá aula de câncer de mama e reconstrução mamária.
Um médico que ama fazer diagnósticos por imagem, o Dr. Gaspar, e se motiva a cada desafio. Explica, é cuidadoso e a competência em pessoa.
Hoje fiz exames com ele, na Saud Imagem. O melhor. Fez minha gestação toda.
E descobriu meu câncer.
O exame de hoje foi meio "lavação de roupa suja", em que ele explicou as causas de um primeiro diagnóstico (não feito por ele mas, depois, avaliado em conjunto) como cisto sebáceo na derme.
Era o que a imagem mostrava. Sem dúvidas. "Qualquer médico dos bons daria esse diagnóstico, Dani".
Um nódulo do lado do bico, superficial, quase na pele, é muito raro. Era o meu. Aquele filho da puta minúsculo.
Tá, cadê a porra da sorte, Daniela?
Tá aqui: se ele fosse comum, mais pra dentro da mama, como praticamente todos são, eu demoraria muito a sentir. E o estrago seria infinitamente maior. Nem dá pra medir o que aconteceria em 1 ano.
O Gaspar se mostrou mais gente do que médico hoje.
Confessou que ficou arrasado com meu diagnóstico, que foi checar se houve erro, que ligou pro Ricardo pra avisar que tudo tinha de ser resolvido rapidamente. E o Ricardo ainda achou que ele estava exagerando.
E, mostrando esse lado gente, mostrou que é muito mais médico ainda. Daqueles que honram a porra do juramento de salvar vidas, sabe? Daqueles que torcem pela sua vida, pelo seu bebê na barriga, pela sua recuperação, pela sua felicidade.
Fica aqui registrado meu agradecimento imenso aos 3, que me fazem enxergar a cada dia como tenho sorte.
Bizusssssssssssssssssssss

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tem gente nova na minha vida

Essas mudanças que a vida nos empurra goela abaixo trazem ótimas surpresas. Não é só pancada, não...
Conheci quatro meninas lindas (falta a Chris, que já tinha seguido outro rumo no dia dessa foto). Elas trabalham na Revolução Assessoria, das queridas Areta e Sueli, grandes amigas do meu coração...
Na foto estão Lívia, Fernanda (em pé) e Carol (do meu ladinho).
Elas são jovens, alegres, inteligentes e lindas.
E é muito bom adicionar gente boa no meu caminho...
Bizussssssssssssssssssssssss

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Decisão

Olha, parece brincadeira, mas minha oncologista muda de opinião a cada consulta. Ela, a Unimed e a Anatomia Patológica da Benê não se entendem. Ou até se entendem, mas jogam as merdas pra eu resolver.
Hoje, enquanto estava esperando mais uma "arrumação de cagadas sucessivas", me deparei com uma senhora que, CLARO, puxou papo comigo.
Ela teve câncer de mama e se curou. Mas, segundo ela, de tanto estresse que passou com médicos, convênios e laboratórios (fora as porradas que a vida dá), descobriu que tem câncer de fígado. Em menos de 2 anos está fazendo quimio de novo.
Na boa? Não quero isso pra mim. Nem pra ninguém.
Claro que a volta do câncer pode ter inúmeras causas, mas vou aprender alguma coisa com a história alheia.
Eu vou ficar tranquila daqui pra frente, fazer tudo que me pedem sem reclamar... Eu quero é me livrar de todo esse povo e dessa merda de doença.
Então, voltei ao laboratório e pedi o material certo para mandar para Botucatu (o primeiro exame foi realizado no tumor in situ, não no invasivo nem na metástase, como deveria. Pq? Porque não checaram na hora de envelopar...).
Qdo for liberado, levo as parafinas CERTAS no correio...
Enquanto isso, faço a quimio, exames e tudo o que tiver que fazer, sem reclamar...
Não vou ficar toda fudida pra nada... Quem se estrepa no final sou eu...
As secretárias incompetentes continuarão assim e ainda empregadas.
A médica continuará salvando vidas, errando com outras e enchendo o cu de dinheiro.
O peito é meu, a vida é minha.
Quinta-feira tenho mais uma quimio vermelha.
E quem vai vomitar e passar mal e querer morrer sou eu.
Não é a médica.
Nem a atendente do convênio, do consultório ou do laboratório.
Nem ninguém.
Bizusssssssssssssssssssssssssssssss

domingo, 13 de junho de 2010

sábado, 12 de junho de 2010

Isolamento

Eu sei que assistir a Doce Novembro não é uma das melhores opções pra alguém que tá em tratamento contra um câncer. Mas é a segunda vez que vejo esse filme depois do meu diagnóstico.
Tirando todos os exageros do tema, a ideia principal até que não é tão absurda.
Difícil manter a vida normal diante de um tratamento desses.
No caso da Charlize Theron, sua personagem desistiu do tratamento e não quer que o grande amor da sua vida, o Keanu Reeves, a veja morrer.
Mas, mesmo mantendo o tratamento, seria muito inteligente se afastar das pessoas que a gente quer bem neste período.
Se eu fosse mais forte pra conseguir aguentar tudo isso sozinha, faria isso. Sumiria.
Ninguém merece ver a gente ficar feia, inchada, estressada, carente, fraca, com dor. Ninguém sabe o que fazer. E às vezes eu só preciso de um abraço, de alguém do lado.
Apesar de estar bem, como todo mundo acha e fala, eu pouco me olho no espelho careca.
Não tenho a paciência que deveria pras bagunças do Danilo.
Vivo carente, querendo atenção, abraço, beijo, ligações, presença. Preciso de gente que babe no meu ovo.
Me sinto cansada quase que o dia todo. Sinto dores que nunca senti.
Se eu não fosse enlouquecer ficando sozinha, me isolaria até o tratamento acabar. Pelo menos durante a quimioterapia.
Ficaria num lugar distante, onde ninguém me conheceria, só cuidaria de mim, do meu tratamento. Só isso.
E, depois dos meses necessários pra recuperação, eu voltaria pra minha vida. Como sempre fui. Cabeluda, boca suja, bagunceira, animada, feliz.
Mas eu não tenho como sumir. E tento ficar o mais normal possível.
Mas o grau de dificuldade é grande.
Só eu sei.

The sun always shines on TV

Juro que tem dias em que eu gostaria de ser outra pessoa.
Às vezes acho que atores são mais felizes, porque podem exorcizar suas frustrações em personagens.
Imagina que legal vc passar por momentos complicados sabendo que é só um papel, que amanhã tudo volta ao normal, como num pesadelo chato e em PB na madrugada.
Imagina vc se acabar de chorar, se rasgar inteira e, depois, como num passe de mágica, levantar, se trocar, ir pra casa e encontrar seu cantinho do jetinho que vc deixou. Em paz. E com o controle remoto.
Um dia a mocinha. No outro, a vilã.
Um dia rica. No outro, pobre.
Um dia doente. No outro, perfeitamente saudável.

Mas não é assim. Que bosta.

"Cause this is real life
This is real love
This is real pain
That much I'm sure of
These are real tears
These are real fears inside
That I can't hide"

Bizusssssss

Feliz Dia dos Namorados.

Acho que devo comemorar o Dia dos Namorados em 14 de fevereiro mesmo, mandando cartões bonitinhos pros amigos. Nunca me dei bem em 12 de junho. No máximo, nas melhores comemorações, apenas não me aborreci.
Se eu fosse num psicólogo, uma das primeiras sessões abordaria, sem dúvida, o meu vício em criar expectativas.
Eu sou mestra nessa porra.
Não só crio expectativas como tenho plena convicção de que os acontecimentos se encaixarão perfeitamente nelas.
Louca? Louca é pouco.
E, é claro, com esse vício de achar que tudo vai ser do jeitinho que eu quero e imaginei, a frustração é algo recorrente na minha vida.
E "nesses dias tão estranhos, fica poeira se escondendo pelos cantos".
Um dia eu aprendo. Ou enlouqueço de vez. Ou desisto.
Bizus

Crazy for you

Hoje passei um tempo da minha tarde vendo vídeos do Danilo no YouTube.
O tempo passou rápido. Ele mudou muito.
Mas aquela carinha de sapeca permanece.
Me deu saudade daquela época em que ele era apenas um bebê cabeçudo que mamava no meu peito como se não houvesse amanhã.
E nessa hora a gente lembra daquele clichê: passa tão rápido essa fase... aproveita... e blá blá blá...
Passa mesmo.
Agora ele é um menino sapeca, falante, cheio de energia e apetite.
Carinhoso demais.
A última vez em que fomos no Extra, ele ficou beijando a minha perna enquanto estávamos na fila, falando que me amava muito, que eu era linda, que eu era cheirosa.
O cara que tava atrás não se conteve: "Nossa, como ele é louco por você, né?"
É mesmo.
E eu sou louca por ele.
Bizussssssssssssssssssssss

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Danilo e suas novidades

Tô passando creme no rosto enquanto o Danilo toma banho com seus trocentos bonecos.
Entretido, ele canta:
"Bota pra fudeeeeer. Bota pra fudeeeeer".
Gelei.
O que podia fazer?
Abri a porta do box e perguntei:
"Que música é essa, filho?"
Ele solta o chuveirinho, o Bakugan e o Batman e fala, tranquilamente:
"Bota pra fuder, mamãe..."
"É bota pra ferver, filho. Fuder é palavrão".
"Ah, tá bom!"
Fecho a porta do box e escuto:
"Bota pra ferveeeeer..."
Ufa, dessa vez eu passei raspando.
Vamos ver a próxima novidade...
Bizusssssssssssssssssss

quinta-feira, 10 de junho de 2010

I'm gonna fly like an aeroplane (BJ)

Ontem recebi um telefonema muito especial, da Gilze, do Instituto Neo Mama de Santos.
Eu a entrevistei há uns 2 anos sobre as mudanças na vida de uma pessoa que teve câncer.
Gilze teve câncer de mama. Tem uma história linda. De superação e amor. De doação.
Hoje se dedica a todas as mulheres que passam pelo mesmo problema. Doa amor. Doa informação.
Eu aprendi com a Gilze muita coisa. Só não sabia que passaria pelas mesmas coisas tempos depois.

Lembro muito bem de um trecho da entrevista com ela:

"Quando você recebe um diagnóstico de câncer, se sente à beira de um precipício. Ou você se atira de uma vez. Ou aprende a voar".

Sem saber, Gilze me preparou para esta etapa da vida.
Brigadão, Gilzeeeeeee!

Bizusssssssssssssssssssssssssss

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Hey God! Tell me what the hell is going on!

Meu findi foi bem legal e começou ainda na quinta. Teve niver da Duda, filha da Paulete. Danilo se esbaldou, nem queria ir embora. E ainda fez xixi na calça porque não queria parar de brincar pra ir ao banheiro. Eu pude reencontrar gente que não via há trocentos anos, como a Adriana, que tá gravidíssima da Laís.
Na sexta recebi a visita da Beta Rutigliano! Puta saudade da minha influenciada linda, meu orgulho, minha Demi Moore! O Danilo a adorou... E não tinha como ser diferente, né?
E também foi niver da tia Solange (foto). Ir na casa dela é sempre garantia de boas gargalhadas. Olha como tô cabeluda!
Pra fechar com chave de ouro, passei o findi com o Alê no Litoral Norte. Chato, né? Sem detalhes sórdidos, mas ficar com ele é como estar em casa. Mais confortável impossível.
Por falar em casa, preciso da minha... Ô meu Deus! Mas as coisas se arrastam... e eu preciso de um milagre. Não tenho absolutamente nada pra montar um barraco novo.
Pra ajudar, eu ia fazer quimio nesta quinta, mas meus leucócitos estão em greve... Repito o exame de sangue na quarta pra ver o que rola...
Enquanto isso, comer peixinho, bagulho verde-escuro, essas coisas...
E, justo num mês em que eu gastei tudo o que não devia, acabei de perder meu casaco na rua...
Tanta coisa pra fazer e eu nem sei por onde começar... Ufa...
Vou fazer o que a Thaís disse: a prioridade de hoje é comer bem. Amanhã é outro dia...
Comi anchova, arroz com brócolis, beterraba e banana à milanesa... Olha que mocinha!
Mas tô louca pra atacar o saco de Cheetos Requeijão que tá aqui... HUAHUAHUA
Bizusssssssssssssssssssssssssssssssssss


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Coisas que eu sei...

Tem gente que finge ser uma pessoa por 20 anos, mas sempre escorrega e mostra a verdadeira cara.
Eu é que fingia que não via. Achava que eu era encrenqueira, apontando defeitos. Deixava pra lá.
Hoje senti pena de mim por ter acreditado neste tipo de gente por tanto tempo.
E quando eu esqueço das escorregadas, o bosta faz merda de novo e pronto: rewind. Como num filme, lembro de todas as mentiras.
Gente que fala no celular como se tivesse respondendo outra pergunta, pra quem está do lado não perceber que assunto é.
Gente que acredita na mentira que inventa.
Gente que inverte o jogo pra se vitimizar.
Eu sei que não sou um docinho de coco pra se conviver, mas vivo de peito aberto.
Falo palavrão.
Fecho a cara.
Faço bico.
Mergulho de cabeça.
Sou eu, com a dor e a delícia de ser eu mesma.
Cansei de gente safada, que mente o tempo todo, que brinca com coisa séria.
Cansei de gente irresponsável, mais um tipo de câncer a ser extirpado.
Me livrei.
Xô! Desse veneno não bebo mais.

Pedregulhos no caminho.

Parei de vir aqui escrever porque tava numa bad trip. Descobri que tenho mais 4 quimios e não 2, como pensava. Aí, fiquei triste, tristinha, como diria o Zeca Baleiro...
Mas fazer o que, né?
Respirar fundo e continuar.
Show must go on!
Agora vou no Mc Donald's afogar minhas mágoas com o Danilo e o Alexandre.
Depois eu volto pra escrever mais coisinhas da minha vidinha louca...
Bizussssssssssssssssssssssssssssssssssss

terça-feira, 1 de junho de 2010