As aventuras de uma balzac teenager

Sinta-se em casa!

sábado, 12 de junho de 2010

Isolamento

Eu sei que assistir a Doce Novembro não é uma das melhores opções pra alguém que tá em tratamento contra um câncer. Mas é a segunda vez que vejo esse filme depois do meu diagnóstico.
Tirando todos os exageros do tema, a ideia principal até que não é tão absurda.
Difícil manter a vida normal diante de um tratamento desses.
No caso da Charlize Theron, sua personagem desistiu do tratamento e não quer que o grande amor da sua vida, o Keanu Reeves, a veja morrer.
Mas, mesmo mantendo o tratamento, seria muito inteligente se afastar das pessoas que a gente quer bem neste período.
Se eu fosse mais forte pra conseguir aguentar tudo isso sozinha, faria isso. Sumiria.
Ninguém merece ver a gente ficar feia, inchada, estressada, carente, fraca, com dor. Ninguém sabe o que fazer. E às vezes eu só preciso de um abraço, de alguém do lado.
Apesar de estar bem, como todo mundo acha e fala, eu pouco me olho no espelho careca.
Não tenho a paciência que deveria pras bagunças do Danilo.
Vivo carente, querendo atenção, abraço, beijo, ligações, presença. Preciso de gente que babe no meu ovo.
Me sinto cansada quase que o dia todo. Sinto dores que nunca senti.
Se eu não fosse enlouquecer ficando sozinha, me isolaria até o tratamento acabar. Pelo menos durante a quimioterapia.
Ficaria num lugar distante, onde ninguém me conheceria, só cuidaria de mim, do meu tratamento. Só isso.
E, depois dos meses necessários pra recuperação, eu voltaria pra minha vida. Como sempre fui. Cabeluda, boca suja, bagunceira, animada, feliz.
Mas eu não tenho como sumir. E tento ficar o mais normal possível.
Mas o grau de dificuldade é grande.
Só eu sei.

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